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Prêmio Fundação Bunge

Conheça Maurício Roberto Cherubin, contemplado do PFB 2022

09 de novembro de 2022
GER 3089

Prêmio Fundação Bunge 2022

Crédito de Carbono e Agricultura Regenerativa – Juventude

Premiado: Maurício Roberto Cherubin

“O Brasil tem um potencial enorme de contribuir para mitigar as mudanças climáticas e garantir segurança alimentar. Cabe a nós – da universidade, da imprensa, das grandes empresas, de todos os lugares – fazer com que o mundo perceba isso.”

O interesse pela agronomia apareceu naturalmente na vida do jovem pesquisador Maurício Roberto Cherubin. Filho de agricultores, ele nasceu em Erechim, pequeno município gaúcho que fica em uma região repleta de propriedades rurais, perto da fronteira do Rio Grande do Sul com Santa Catarina. Maurício viu seus dois irmãos mais velhos cursarem o técnico agrícola e decidiu que, quando chegasse a hora do vestibular, escolheria o curso de agronomia.

Graduou-se na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), no então recém-inaugurado campus de Frederico Westphalen (RS), e desde o início de sua trajetória sentiu interesse pela pesquisa acadêmica. Defendeu seu mestrado na própria UFSM e partiu para São Paulo, onde fez um doutorado na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, da Universidade de São Paulo (ESALQ-USP), sob orientação do professor Carlos Clemente Cerri (1946-2017), vencedor do prêmio Nobel por sua colaboração no painel do IPCC (órgão da ONU dedicado a monitorar as mudanças climáticas) e um dos grandes cientistas brasileiros deste século.

Desde essa época fica clara a preocupação de Maurício em aliar seu trabalho como agrônomo à agenda da sustentabilidade. Daí o interesse pela área de saúde do solo, um campo de estudos tão recente e inovador que podemos dizer, sem exagero, que ele está ajudando a construir.

“Estamos acostumados a pensar o solo apenas como o local onde se planta”, explica. “As pesquisas recentes mostram que, pelo contrário, trata-se de um sistema complexo, com inúmeros benefícios para nós e para o planeta”. Maurício esclarece, por exemplo, que o solo armazena em média três vezes mais carbono do que a vegetação que está acima dele.

Isso significa que o manejo adequado do solo pode contribuir enormemente para a captura de gases do efeito estufa – em muitos casos, de maneira mais eficiente e duradoura do que em uma simples ação de reflorestamento. Isso não apenas oferece uma solução nova para os grandes dilemas ambientais contemporâneos, como também tem o potencial de revolucionar o mercado de créditos de carbono, no qual o Brasil deve se destacar.

Movido por esse tipo de inquietação, Maurício realizou um pós-doutorado no Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA) da USP e atuou como pesquisador visitante do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, além de ser membro do Centro de Pesquisa para Inovação em Gases do Efeito Estufa (Fapesp/Shell) e vice-diretor do programa global Nature Based Solutions. Seu trabalho pioneiro em saúde do solo já o levou a mais de 20 países.

Maurício também coordena na ESALQ o Soil Health & Management Research Group (SOHMA), que vem desenvolvendo trabalhos importantes sobre a temática dos sistemas integrados de produção agrícola, isto é, a ideia de cultivar em um mesmo espaço combinações diferentes de lavoura, pecuária e cobertura florestal, ao contrário do modelo que temos hoje, no qual, tipicamente, uma propriedade rural se dedica a um único tipo de produção.

Ele explica que o sistema integrado oferece ao menos três vantagens: diversificação da produção, segurança para o produtor frente a possíveis pragas ou intempéries climáticas e uma melhoria na capacidade do solo de capturar o carbono da atmosfera. Esse é mais um setor no qual o Brasil tem a dianteira: contamos com 15 a 17 milhões de hectares que já adotam algum tipo de produção agrícola de sistema integrado.

O trabalho de Maurício Cherubin em saúde do solo é inovador e, ao mesmo tempo, já revela incríveis aplicações práticas. Ele é hoje o pesquisador que mais produz conhecimento nessa área em todo o mundo. Esses foram fatores decisivos para que o jovem e talentoso cientista gaúcho levasse o Prêmio Fundação Bunge 2022 na área de Crédito de Carbono e Agricultura Regenerativa, categoria Juventude.

Maurício enxerga uma espécie de missão alinhavando seu trabalho presente e futuro: trazer a noção de saúde do solo, quase toda desenvolvida nos Estados Unidos e Europa, para a realidade brasileira e latino-americana – ou, como ele diz, “tropicalizar” esse campo de pesquisa. O Brasil e o meio ambiente só têm a ganhar com o sucesso dessa empreitada. 

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