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Prêmio Fundação Bunge

Em reconhecimento à ciência, pesquisadores recebem Prêmio Fundação Bunge

29 de setembro de 2023
Keiny Andrade 7348

Inspirada no Nobel, honraria foi entregue a cientistas que são referência nas áreas de agricultura sustentável e conhecimento e estratégia contra a fome

Os pesquisadores brasileiros Adalberto Luis Val, Fernando Shintate Galindo e Lissandra Amorim Santos receberam na noite desta quinta-feira (28) o Prêmio Fundação Bunge, honraria inspirada no Nobel e que reconhece o mérito científico, literário e artístico no país desde 1955. Neste ano, os cientistas foram laureados por seus trabalhos em “Soluções baseadas na natureza para agricultura sustentável e inclusiva” e “Conhecimentos e estratégias contra a fome”.

“Um dos principais objetivos do Prêmio Fundação Bunge é valorizar e divulgar a ciência brasileira. A produção acadêmica tem impacto direto na vida das pessoas e é fundamental para superarmos os desafios do nosso tempo. Esse conhecimento, por vezes, acaba confinado entre os muros das instituições de pesquisa, daí a relevância de ações que tragam esses saberes preciosos para a luz da opinião pública. Queremos contribuir para que a sociedade conheça – e reconheça – a importância crucial do trabalho desses pesquisadores”, afirma Cláudia Buzzette Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge.

O pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Adalberto Luis Val, foi agraciado na categoria Vida e Obra, no tema Soluções baseadas na natureza para agricultura sustentável e inclusiva. Reconhecido mundialmente por seus estudos relacionados à fisiologia e a adaptação dos peixes às mudanças geológicas e climáticas da região, Val busca entender como as mudanças aceleradas causadas pelo homem provocam impacto nos peixes da região amazônica e como isso se relaciona com a população, grande consumidora desses organismos. Hoje, os peixes representam 90% de toda a proteína consumida na região amazônica.

“A Amazônia e os seres que nela vivem são o resultado de adaptações e modificações genéticas que somam 65 milhões de anos de evolução, desde que os Andes começaram a se levantar. É uma história de tectonismo e de mudanças. A questão é que a ação do homem está modificando muito rapidamente o bioma. Os peixes amazônicos, por exemplo, conseguiram desenvolver aptidões para viver em temperaturas mais altas. Mas um pequeno aumento dessa temperatura vai afetá-los profundamente, porque já estão no limite, e não conseguiriam sobreviver”, explica o pesquisador.

Ainda nesta área, Fernando Shintate Galindo, pesquisador da Universidade Estadual Paulista (Unesp-Dracena), foi agraciado na categoria Juventude, destinada a pesquisadores com até 35 anos, por seus estudos sobre o uso eficiente de fertilizantes, manejo sustentável de nutrientes e fitotecnia de culturas de grande escala, como soja, milho e cana-de-açúcar. Os trabalhos do pesquisador mostram que o uso de bioinsumos em lavouras de milho, por exemplo, pode reduzir em até 25% o uso de adubos nitrogenados. Essa redução significa cerca de R$ 190 reais por hectare de economia para o produtor rural. Como o Brasil produz 22 milhões de hectares de milho, aproximadamente, o uso dessa tecnologia pelos agricultores brasileiros têm potencial de reduzir os custos de produção em R$ 4 bilhões por ano.

“A agricultura brasileira é extremamente dependente de fertilizantes. Com a guerra entre Rússia e Ucrânia, o preço desse produto foi às alturas. Neste cenário, o produtor rural precisou, de fato, reduzir o uso de fertilizantes químicos, o que trouxe uma grande relevância para as tecnologias baseadas na natureza. A bactéria melhora a absorção e a captura do nutriente, minimizando as perdas e o impacto ambiental, ao mesmo tempo em que promove o crescimento da planta, gerando um ganho de produtividade”, explica Galindo.

Já no tema Conhecimentos e estratégias contra a fome, a pesquisadora do Centro Internacional de Equidade em Saúde (International Center of Equity in Health - ICEH) da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), Lissandra Amorim Santos, foi premiada na categoria Juventude. Lissandra foi reconhecida por suas pesquisas em desigualdade de gênero em nutrição e saúde. Os estudos da cientista mostram que a insegurança alimentar moderada e grave no Brasil tem gênero e raça: ocorre com mais intensidade em domicílios chefiados por mulheres negras em todas as regiões do país.

“Está claro que precisamos fazer algo agora para melhorar a saúde, o acesso ao alimento saudável, principalmente para as mulheres mais vulneráveis, e atuar na educação de meninos e meninas para que não reproduzam um padrão de desigualdade de gênero. Mulheres bem cuidadas geram crianças mais saudáveis. Parece óbvio, mas, nem tanto, porque não vemos isso na nossa sociedade”, afirma a cientista.

Reconhecimento da academia para a academia

Durante a cerimônia, o presidente do conselho administrativo da Fundação Bunge, Carlo Lovatelli, ressaltou a importância das pesquisas. “A ciência muitas vezes atacada, incompreendida, ignorada, é a única capaz de nos mostrar caminhos possíveis de serem trilhados para uma sociedade mais justa, igualitária e com os interesses e recursos disponíveis a todos”, afirmou.

Andrea Marquez, representante da diretoria da Bunge, ressaltou que quem faz todo o processo de indicação e avaliação dos currículos dos pesquisadores que participam do Prêmio é a academia brasileira. “Este ano tivemos 120 pesquisadores indicados, ou seja, temos três nomes que representam muito bem a ciência brasileira”, disse.

Para participar da premiação, os pesquisadores brasileiros são indicados por representantes das principais universidades e entidades científicas do país. Os currículos recebidos são avaliados por comissões técnicas independentes formadas por especialistas nas áreas contempladas. Os contemplados receberam medalha de ouro e premiação em dinheiro.

Mais de 200 personalidades brasileiras já foram agraciadas com o Prêmio Fundação Bunge. Entre os agraciados estão Erico Veríssimo, Hilda Hilst, Jorge Amado, Lygia Fagundes Telles, Manuel Bandeira, Rachel de Queiroz, Oscar Niemeyer, Carlos Chagas Filho, Gilberto Freyre, Paulo Freire, Celso Lafer e Fernando Abrucio.

A Fundação Bunge

A Fundação Bunge, entidade social da Bunge no Brasil, há mais de 60 anos atua para gerar impactos positivos na sociedade em territórios e setores estratégicos para a Bunge, fomentando a diversidade com promoção dos direitos humanos por meio da inclusão produtiva e do estímulo à economia de baixo carbono, estimulando a ciência e a preservação da memória. A Fundação é o pilar social da Bunge, líder mundial no processamento de sementes oleaginosas e na produção e fornecimento de óleos e gorduras vegetais especiais, que tem como propósito conectar agricultores a consumidores para fornecer alimentos, nutrição animal e combustíveis essenciais para o mundo. Valorizamos nossas parcerias com os agricultores para melhorar a produtividade e a eficiência ambiental da agricultura em nossas cadeias de valor e para levar produtos de qualidade de onde eles crescem para onde são consumidos. Ao mesmo tempo, colaboramos com nossos clientes para pensar e criar o futuro dos alimentos, desenvolvendo soluções personalizadas e inovadoras para atender às necessidades e tendências alimentares em evolução em todas as partes do mundo

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