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Prêmio Fundação Bunge

Prêmio Fundação Bunge: conheça Larissa Pereira Ribeiro Teodora

24 de setembro de 2024
Larissa Keiny Andrade (74)

Tema: Desenvolvimento e Uso de Tecnologias e Conectividade Acessíveis para a Sustentabilidade no Campo

Categoria: Juventude

Premiada: Larissa Pereira Ribeiro Teodoro

“Meu trabalho é melhorar o rendimento das culturas diante de desafios como as mudanças climáticas e pegada de carbono”

Fazer as coisas acontecerem com rapidez, acelerar processos. Essas características marcam a trajetória acadêmica e científica de Larissa Pereira Ribeiro Teodora, agraciada com Prêmio Fundação Bunge 2024, no tema “Desenvolvimento e uso de tecnologias e conectividade acessíveis para a sustentabilidade no campo”, categoria Juventude. No intervalo de apenas sete anos, ela cursou e se formou em Engenharia Agronômica pela Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), fez mestrado e doutorado na Universidade Federal de Viçosa (UFV), em Minas Gerais, ambos na área  de genética e melhoramento, e, na sequência, assumiu o cargo de professora adjunta da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), nos cursos de Agronomia e Engenharia Florestal, no campus de Chapadão do Sul (CPCS). Hoje, aos 29 anos, divide o tempo entre as aulas e a participação e coordenação de projetos de pesquisa que têm em comum a melhoria do rendimento de diversas culturas diante, principalmente, do desafio representado pelas mudanças climáticas.

Larissa nasceu em Campo Grande (MS), mas cresceu em Aquidauana (MS), a 140 km da capital sul-mato-grossense. Até que o vestibular entrasse no radar das suas preocupações, nada indicava que fosse enveredar por uma profissão ligada ao campo. Ela estava inclinada a seguir a trajetória dos pais, funcionários públicos. O curso de Direito pairava em seu horizonte, quando, no último ano do Ensino Médio, graças a uma inciativa da escola em que estudava, foi conhecer o campus da UEMS, ali mesmo em Aquidauana, para participar de um experimento com arroz. “Costumo dizer que foi paixão à primeira vista. O campus fica numa região de natureza deslumbrante, a pesquisa me cativou e aí deu o estalo: é isso que eu quero!”, recorda.

Começou a graduação aos 16 anos na UEMS e já no segundo ano do curso participava do PET, o Programa de Educação Tutorial, e também da iniciação científica. Logo nesses primeiros passos, Larissa definiria as linhas que iriam guiar a sua trajetória como pesquisadora: o incremento da produção de alimentos aliado à preocupação com a sustentabilidade ambiental. Na graduação, orientada pelo professor doutor Francisco Eduardo Torres, participou de projetos de melhoramento genético visando a adaptação de culturas como soja e milho para o chamado Ecótono Cerrado Pantanal (área de transição entre o Cerrado e o Pantanal) e o Pantanal.

Terminada a graduação, decidiu tentar o mestrado na Universidade Federal de Viçosa, onde foi aprovada. A universidade mineira é referência em melhoramento e também em análise de dados, área em que Larissa buscava se aprimorar. “Já tinha uma boa bagagem com experimentos a campo. E o domino pleno das técnicas estatísticas, de biometria, permitem interpretar melhor as respostas obtidas”, explica.

O mestrado foi concluído em apenas um ano. A dissertação abordou o melhoramento de sorgo. Larissa acelerou o processo de titulação porque já estava de olho em uma vaga de doutorado na mesma instituição, onde acabou admitida em primeiro lugar. No doutorado, expandiu o seu interesse pela exploração de dados, dessa vez utilizando o auxílio da inteligência computacional, enveredando pela fenotipagem de alto rendimento.

A fenotipagem estuda as características de uma planta. Existe a fenotipagem convencional, em que a avaliação é feita manualmente. O pesquisador vai a campo, colhe amostras e as analisa em aparelhagem convencional. A fenotipagem de alto rendimento utiliza imagens captadas por sensores. A análise das imagens é feita por inteligência computacional, modelos matemáticos que trabalham com base em algoritmos. 

A fenotipagem de alto rendimento é menos invasiva, uma vez que não é preciso colher plantas a campo, e permite processar e analisar um conjunto de amostras numerosas, fornecendo respostas rapidamente -- o que é especialmente útil quando se trabalha com melhoramento. Os sensores ajudam, por exemplo, a monitorar os diversos ciclos de desenvolvimento de uma cultura. Os modelos de inteligência identificam um talhão ou um grupo de amostras que teve um crescimento mais acelerado. Esses indivíduos vão servir de população base para a reprodução de plantas com as mesmas características precoces. “Dessa forma, a gente consegue acelerar os programas de melhoramento”, diz Larissa.

O doutorado, também concluído em um ano -- ela precisava do diploma a fim de assumir a vaga de professora da UFMS -- teve como tese o melhoramento da soja utilizando a abordagem de fenotipagem de inteligência computacional. O envolvimento de Larissa com tema permanece graças, principalmente, à sua atuação junto ao programa de pós-graduação da UFMS.

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