Sobre o prêmio
Em 2018, o Prêmio Fundação Bunge contempla profissionais da área de Ciências Agrárias, com o tema "Serviços Ambientais Para o Agronegócio", e da área de Letras, com o tema "Literatura Infantojuvenil".
As indicações para cada área serão feitas pelas principais universidades e entidades científicas e culturais brasileiras até o dia 30 de junho. Em seguida, Comissões Técnicas compostas por especialistas em cada área de premiação irão avaliar e escolher os homenageados com o prêmio deste ano. Os contemplados serão conhecidos em agosto e a cerimônia de entrega da 63º edição do Prêmio Bunge e 39º do Prêmio Fundação Bunge Juventude acontecerá em novembro.
Conheça um pouco mais sobre os temas
Serviços Ambientais Para o Agronegócio
Nos primeiros cinco anos do século XXI, a Organização das Nações Unidas promoveu o maior estudo científico já realizado sobre a saúde dos ecossistemas do planeta. Reunindo o trabalho de 1.360 pesquisadores de 95 países, a Avaliação Ecossistêmica do Milênio (AEM) fez um diagnóstico de alterações sofridas por ecossistemas em escala global, regional, nacional e local, e das consequências de tais alterações para o bem-estar e o futuro da humanidade.
Embora não fosse a primeira vez que o termo era utilizado, foi com a AEM que o mundo em peso passou a discutir os chamados Serviços Ambientais.
Definidos como os benefícios que os ecossistemas oferecem ao ser humano, os Serviços Ambientais tornaram-se objeto de interesse para inúmeras áreas do saber. A partir da AEM, eles passaram a ser classificados, diferenciando-se entre serviços de provisão (fonte de alimentos, água, madeira, etc.); de regulação (absorção de CO2, controle do clima, de doenças e pragas, etc.); de suporte (formação do solo, ciclagem de nutrientes, etc.); e culturais (pelo valor recreativo, educativo, estético ou religioso). Passaram, também, a ser mapeados, monitorados e valorados, para que a humanidade tivesse noção exata do que teria a ganhar – ou a perder – a depender de como escolhesse interagir com o meio ambiente.
Desde então, ficou claro que a grande maioria das atividades a que o homem se dedica precisa levar em conta o custo dos Serviços Ambientais. Mas um setor, em particular, pode tanto consumir tais serviços como ser crucial para sua preservação: o Agronegócio.
Cobrindo cerca de 40% da superfície da Terra, o Agronegócio já foi responsável por comprometer severamente a qualidade e a quantidade dos serviços prestados pelos ecossistemas, em especial na segunda metade do século XX, quando a Revolução Verde acelerou a produção de alimentos à custa de muito desmatamento, perda da biodiversidade, desperdício de recursos hídricos e outros erros de cálculo. De lá para cá, porém, as Ciências Agrárias souberam ouvir os alertas, interagiram com várias outras áreas do saber científico, correram atrás de novas descobertas e viraram o jogo, de tal forma que hoje já é possível que os sistemas produtivos não apenas demandem menos dos Serviços Ambientais, mas contribuam para sua melhoria e maior provisão.
O Agronegócio pode lançar mão de técnicas mais sustentáveis de ocupação e manejo do solo e dos recursos naturais, incluindo a água, como o plantio direto, a irrigação de precisão, a integração lavoura-pecuária-floresta e o uso cuidadoso de nutrientes e agentes químicos diversos. No campo das políticas públicas, surgem mecanismos regulatórios e de estímulo a essa abordagem, como o Código Florestal, o Plano ABC (Agricultura de Baixa emissão de Carbono) e, até mesmo, incentivos fiscais a produtores que adotem práticas conservacionistas, modelo chamado de Pagamento por Serviços Ambientais (PSA).
Por outro lado, é o próprio Agronegócio que tem mais a ganhar com essa visão. É da Floresta Amazônica em pé que depende a chuva que cai no Sul do País. É da biodiversidade preservada que depende a reserva de material genético necessária para que pesquisadores desenvolvam espécies e variedades de plantas adaptadas a diferentes condições ambientais. É de solos conservados e de matas preservadas que dependem empreendimentos mais prósperos.
A relação entre Serviços Ambientais e Agronegócio é, assim, rica de possibilidades, tendo avançado muito nas últimas décadas e podendo avançar muito mais. Ao elegê-la como tema do Prêmio Fundação Bunge 2018, homenageamos todos os pesquisadores que nos trouxeram até aqui e também os jovens talentos que seguirão buscando um Agronegócio cada vez mais sustentável.
Para Ana Maria Machado, um bom livro "precisa ter surpresas, nem que seja só na maneira de contar", deve usar "uma linguagem que não esteja gasta". Para Fernando Vilela, "precisa capturar o leitor, levá-lo pela boa narrativa". Para André Neves, o livro "tem de ser honesto, trazer uma verdade camuflada", enquanto para Ilan Brenman é preciso "respeito absoluto pela inteligência e sensibilidade" do leitor. Já o australiano Stephen Michael King diz, simplesmente, que "os melhores livros são aqueles que compartilhamos de novo e de novo e de novo".
Todas essas afirmações foram colhidas em entrevistas concedidas à Fundação Bunge, em 2016, por esses e outros renomados escritores e ilustradores de livros para crianças e jovens. Eles respondiam à mesma pergunta: "O que um livro infantil precisa ter?" Mas todos deram respostas que poderiam muito bem definir a boa literatura, independentemente da idade do público para quem um livro é destinado. E não há por que ser diferente.
Em sua 63a edição, o Prêmio Fundação Bunge 2018 homenageia a Literatura Infantojuvenil, segmento do mundo das Letras que, em seus melhores momentos, não deixa nada a dever às maiores obras voltados para o público adulto. Se produzir encantamento pela linguagem, estimular o imaginário, apresentar novas visões de mundo, gerar empatia e identificação com o que é humano e, acima de tudo, emocionar por meio de uma boa história definem grande literatura, o Brasil tem mais de um século de livros para crianças e jovens que fazem exatamente isso.
São livros escritos por autores que ultrapassaram a ideia reducionista que por muito tempo vigorou no País – e de certa maneira ainda resiste – de que obras voltadas para leitores em formação devem servir para outra coisa que não à própria arte literária em si. Como, por exemplo, para educar e oferecer lições de moral. Ou para alfabetizar e servir de complemento a conteúdos didáticos. Ou para "trabalhar" temas considerados apropriados ou seguros.
Pois basta passar o olho pela história da Literatura Infantojuvenil brasileira para ver que as obras que sobrevivem ao tempo não atendem a essa cartilha. Foi assim com os contos de fadas europeus que, no fim do século XIX, o jornalista Figueiredo Pimentel transformou nos nossos Contos da Carochinha. Foi assim quando, na década de 1920, Monteiro Lobato inaugurou uma literatura para crianças genuinamente nacional com os habitantes de um sítio encantado – em especial com uma boneca falante, irreverente e revolucionária.
Foi assim quando uma nova geração de autores como Ruth Rocha, Ziraldo, Lygia Bojunga, Tatiana Belinky, Eva Furnari e a própria Ana Maria Machado saíram da sombra de Lobato e produziram obras absolutamente autorais, que refletiam, cada qual à sua maneira e com sua própria linguagem, inquietações particulares sobre a vida nas décadas de 1970 e 1980. Como notou a professora e crítica Nelly Novaes Coelho, não é coincidência que o mesmo Brasil que inspirou diversas obras de contestação à ditadura tenha inspirado Ruth Rocha a criar o seu Reizinho Mandão.
E se tais autores trouxeram uma riqueza de temas aos livros infantis, hoje tem-se uma nova geração que, ao frescor temático, acrescenta um frescor estético, experimentando com palavras e ilustrações e até com o próprio objeto livro novas e surpreendentes maneiras de continuar contando boas histórias. E produzindo grande Literatura.
Conheça os contemplados de 2018
Literatura Infantojuvenil
Daniel Munduruku
Categoria Vida e Obra
Literatura Infantojuvenil
Nina Krivochein
Categoria Juventude
Serviços Ambientais para o Agronegócio
Silvio Crestana
Categoria Vida e Obra
Serviços Ambientais para o Agronegócio
Pedro Henrique Santin Brancalion
Categoria Juventude