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Institucional

Combate à fome depende de trabalho em rede com diversos atores da sociedade

19 de abril de 2024
NY 4166

Lançamento de livro sobre papel da ciência na segurança alimentar reuniu cientistas, governo, agronegócio, terceiro setor e sociedade civil

A cientista brasileira Mariangela Hungria não se conformou quando ao participar de um evento ligado ao setor do agronegócio, em 2022, ouviu de um dos participantes que o agro nada podia fazer para acabar com a fome no Brasil e que o setor já contribui para safras recordes e geração de empregos.

“Fiquei com aquilo na cabeça e falei: eu vou estudar isso, porque não é possível que nós, do agronegócio, não podemos fazer nada para a sociedade acabar com esse problema”, afirmou durante evento de lançamento do livro Segurança “Alimentar e Nutricional: O Papel da Ciência Brasileira no Combate à Fome", nesta quinta-feira (18), em São Paulo, na Sede da Fundação Bunge.

O inconformismo de Hungria, pesquisadora brasileira premiada no Brasil e no mundo por seus estudos com bioisumos na soja, a fez reunir um time de peso, composto por 41 cientistas, de 23 instituições brasileiras para mostrar como todas as ciências podem contribuir para acabar com a fome no país.

“Coloquei o desafio para que cada um dos 19 capítulos do livro terminasse com propostas efetivas para erradicarmos esse problema. É um plano de governo pronto, para qualquer representante do executivo”, afirma. A obra, organizada pela Academia Brasileira de Ciências, pode ser baixada aqui: https://www.abc.org.br/wp-content/uploads/2024/03/Seguranca-Alimentar-e-Nutricional-O-Papel-da-Ciencia-Brasileira-no-Combate-a-Fome-LIVRO-ABC-2024.pdf

Reconhecido por ser o maior produtor de alimentos no mundo, o Brasil vive uma contradição em relação à segurança alimentar. De um lado, tem capacidade para produzir alimentos suficientes para alimentar 800 milhões de pessoas, segundo a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), mas por outro, possui uma população de 125 milhões de pessoas que não sabem se vão comer, de acordo com dados de 2021 e 2022 da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (PENSSAN).

O evento de lançamento do livro em São Paulo contou com a participação de representantes do governo, iniciativa privada, terceiro setor, academia e sociedade civil. Entre os participantes, estavam o ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Roberto Rodrigues; a presidente da Academia Brasileira de Ciências, Helena Nader; a presidente da Embrapa, Silvia Massruhá; o superintendente do MAPA, Guilherme Campos Júnior, que representou o ministro Carlos Fávaro; a coordenadora de Segurança Alimentar da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Camila Kanashiro, representando o secretário Guilherme Piai; a presidente do conselho administrativo da Fundação Bunge, Andrea Marquez, além de cientistas como Eduardo Assad, Silvio Crestana, Adalberto Luis Val, Vera Lucia Imperatriz Fonseca e João Meirelles.

Problema complexo, que precisa do trabalho em conjunto

Cláudia Calais, diretora-executiva da Fundação Bunge e uma das autoras do livro, lembrou que a fome é um problema complexo e multifatorial e que, por isso, o trabalho em conjunto entre diversos entes da sociedade é fundamental para sua solução. “A gente ainda tem pouca capacidade de trabalhar em conjunto, fazer o que estamos fazendo aqui hoje, reunindo ciência, setor produtivo e terceiro setor para discutir um único tema. Problemas complexos exigem soluções complexas e elas necessariamente precisam do envolvimento de mais de um. Nós, do terceiro setor, aprendemos a fazer isso muito cedo e acho que está na hora de termos isso também com os outros setores, de sentarmos juntos”, disse.

“Juntando forças nós somos mais. Se queremos continuar sendo o celeiro do mundo, vamos precisar ter investimento. Educação e ciência não são gastos, são investimentos. O Brasil foi extremamente relevante para a criação da Agenda 2030 da ONU com os 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) e um desses objetivos é justamente a ‘fome zero e agricultura sustentável’. Só faltam sete anos para chegarmos em 2030”, alertou Helena Nader, presidente da ABC.