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No Dia Mundial da Poesia, Centro de Memória Bunge relembra trajetória de Mário Quintana

19 de março de 2021

Acervo reúne documentos que contam a história do poeta brasileiro que marcou gerações

São Paulo, 19 de março de 2021 – Mas o que quer dizer este poema? - Perguntou-me alarmada a boa senhora. E o que quer dizer uma nuvem? - respondi triunfante.
Uma nuvem - disse ela - umas vezes quer dizer chuva, outras vezes bom tempo.   A frase é de Mario Quintana, poeta tradutor e jornalista. Referência cultural no Rio Grande do Sul, estado em que nasceu, e considerado um dos maiores poetas do século XX, Quintana era conceituado como o "poeta das coisas simples", combinando ironia, humor, profundidade e perfeição técnica em suas obras.

Neste dia Mundial da Poesia, comemorado em 21 de março, o Centro de Memória Bunge, um dos mais ricos acervos empresariais do Brasil, relembra a trajetória do Poeta que marcou época na literatura brasileira através de suas obras. A data foi criada na 30ª Conferência Geral da Unesco, em 16 de novembro de 1999. O propósito deste dia é promover a leitura, escrita, publicação e ensino da poesia através do mundo.

Mario de Miranda Quintana, nasceu na cidade de Alegrete, no Rio Grande do Sul, em 30 de julho de 1906. Cursou os estudos básicos na cidade em que nasceu, mas em 1919 mudou-se com a família para Porto Alegre e ingressou no Colégio Militar onde publicou, em uma revista editada pelos próprios estudantes, seus primeiros poemas. 

Apesar de escrever desde muito novo, o artista só publicou seu primeiro livro aos 34 anos. Sua estreia na literatura foi com A Rua dos Cataventos, um compilado de poesias que deu início a sua carreira de poeta, escritor e autor infantil. Além disso trabalhou como jornalista durantes quase toda a vida. Paralelo à essas carreiras, Quintana dedicou-se muito à tradução, tendo traduzido mais de 130 obras, entre elas o famoso romance Em busca do tempo perdido, de Marcel Proust, e Mrs. Dalloway, de Virginia Woolf.

Durante sua trajetória, a produção poética rendeu-lhe diversos prêmios e homenagens. Em 1966, sua Antologia Poética, publicada pela Editora do Autor (RJ), recebeu o Prêmio Fernando Chinaglia, da União Brasileira de Escritores, como melhor livro do ano. No mesmo ano, o poeta foi saudado na Academia Brasileira de Letras por Augusto Meyer e Manuel Bandeira. Na ocasião, Bandeira recitou o poema Quintandares, de sua autoria, em homenagem a Quintana. Em 1967, recebeu o título de Cidadão Honorário pela Câmara de Vereadores de Porto Alegre e, no ano seguinte, uma placa em bronze na praça principal de Alegrete, sua cidade natal. Já em 1980, recebeu o prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto da obra. No ano seguinte, em 1981, o prêmio Jabuti, na categoria Personalidade Literária do Ano.

Introdução do Relatório da Diretoria SAMRIG, de 1986, “Quintana dos 8 aos 80” (Foto: Acervo Centro de Memória Bunge).

Em 1985, a Sociedade Anônima Moinhos Rio Grandenses (SAMRIG), antiga empresa da Bunge no Brasil, publicou seu Relatório da Diretoria “Quintana dos 8 aos 80”, que além das informações financeiras da empresa, homenageava a trajetória do escritor dos 8 aos 80 anos de idade, reunindo diversos poemas de sua autoria, além de fotos e ilustrações. O material foi organizado pela pesquisadora Tânia Franco Carvalhal, com fotos de Liane Neves, ilustrações de Liana Timm e direção de arte de Marilena Gonçalves. 

A ideia de reunir poemas, análises literárias e biografia de escritores no documento surgiu em 1971, depois que a SAMRIG decidiu ir além da divulgação de seu desempenho empresarial e passou a fomentar o debate sobre o compromisso das empresas com a realidade sociocultural das comunidades onde atuavam. 

Capa do Relatório da Diretoria SAMRIG, de 1986, “Quintana dos 8 aos 80” (Foto: Acervo Centro de Memória Bunge).

Hoje, a publicação integra o acervo do Centro de Memória Bunge, que preserva os mais de 100 anos de história da Bunge no Brasil. Todo acervo estará disponível para consulta e visitação, após o fim do isolamento, mediante agendamento.